16 julho 2018

QUANTAS COPAS DO MUNDO JÁ ASSISTI? por sandra schamas

Muitas? Sim.
Inesquecíveis?
Talvez as de 1994 e 1998, tempo em que eu morava fora do país e era um tanto ufanista. Agora, em  2018, fazendo um esforço para não ser  crítica demais, o que é típico dos meus 60+, resolvi assistir aos jogos do Brasil em casa, sozinha, para não ter interferências e nem ouvir comentários. E assim foi. Torci, é claro, mas parecia que alguma coisa estava faltando.


Depois de conversar quase uma hora com um amigo que entende de futebol, vi que não estou tão velha e nem tão louca assim. O futebol mudou muito e eu  ainda estava estagnada naquela ideia do futebol romântico de priscas eras. Esperava lances mirabolantes o tempo todo e não conseguia decidir se o Brasil  estava jogando bem ou mal. Tudo me pareceu preso, enlatado e sem graça. Teria tirado Neymar em algum segundo tempo, na tentativa de que seu substituto viesse com um elemento surpresa e o Jr. parasse de cair. Foi então que entendi que a torcida quer ver o Neymar, todos querem ver seu ídolo e cada seleção tem o seu. O futebol atual mais parece  jogo de xadrez: tudo muito estudado, planejado, cauteloso. Os brasileiros não surpreendem mais e o  mundo aprendeu a jogar bola, principalmente a Europa. Agora é de igual para igual. Está certo. Já fomos campeões cinco vezes, está na hora de outros também ganharem.

Eu assistia aos jogos sem ter a mínima ideia de quem eram nossos jogadores. Nunca tinha visto aqueles meninos,  só conhecia o Neymar. Depois o Marcelo, com aquele cabeleira. Até os cabelos mudaram, os uniformes cheios de tecnologia, as chuteiras coloridas e futuristas. Fica bonito no campo. As seleções são formadas por jogadores de toda parte, uma miscelânea; ninguém mais joga pelo seu país de origem, tem até brasileiro naturalizado russo! O Brasil é uma espécie de viveiro, onde os meninos com talento são escolhidos e quando fazem 18 anos são comprados. São moldados para serem super profissionais, muito bem treinados a fazer o que o  mandam e jogam por dinheiro.  Faz sentido. Me parece que hoje tudo é assim me$mo: o consumo é seguido como religião, meia dúzia manda e os demais obedecem, feito um rebanho de carneirinhos alegrinhos, saltitando por caminhos já traçados  -- todos de fone no ouvido e celular na mão.

Os torcedores, em geral, são ansiosos, se confundem, ficam vendo no Youtube os melhores lances e esperam dos jogadores o impossível. Estes, por sua vez,  podem jogar de modo espetacular, ou não. Acontece. Não são máquinas, ainda. O Brasil para, ninguém trabalha, muitos gastam o que não podem para ir assistir a copa ao vivo, levam a família inteira e acham que é obrigação da seleção brasileira ganhar o tempo todo.

De olho na tela, observando tudo meio desconfiada, pensei que seu aceitasse o que estava vendo, sem criticar, poderia torcer de maneira mais consciente e aproveitar melhor o momento.

Antigamente era melhor? Não sei.  Era diferente, mais simples, mais inocente, espontâneo. Hoje temos muitos recursos, simulação por imagem digital, tecnologia, estatísticas, especificidade nos treinos etc. Os jogadores correm muito mais do que corriam nos anos 1970, têm maior desempenho e técnica. Até goleiros têm muito mais agilidade, apesar de serem mais altos, não deixam passar nada.. Houve evolução.

Tenho saudades das copas com os super craques cheios de garra, calção curto e meia de algodão. Porém, 'relógio que atrasa não adianta'. Não adianta nada ficar remoendo o passado. Fala-se muito em aceitar as diferenças justamente porque fazer diferente, pensar diferente, não é fácil.  Essa história de que 'no meu tempo era melhor' é muito relativa.

Enfim, a fila anda, as coisas mudam e a gente tem que aprender a mudar com elas. Foram jogos bonitos, os finalistas deram o sangue e, se a gente encarar o esporte com mente aberta, pode curtir belos espetáculos tendo como protagonistas atletas especiais.

28 junho 2018

CHRONOS E KAIRÓS - por Sandra Schamas

Sobre o tempo.
No discurso de seu aniversário de 80 anos, o professor, mestre e doutor Rubens Murillio Trevisan descreveu lindamente o conceito de Chronos e Kairós. Com seus profundos conhecimentos de filosofia e teologia, nos encantou com sua voz amorosa e confiante e me fez entender que Chronos é o tempo dos homens, do relógio, das horas convencionais, e Kairós é o tempo oportuno, o tempo de Deus. 
Antes do catolicismo,  a mitologia já personificava Chronos como o senhor do tempo, aquele que  devora enquanto  gera. Devora os próprios filhos, os seres e o destino.

Kairós era representado por um jovem nu com asas nos ombros e nos tornozelos, tendo nas mãos uma balança, símbolo do equilíbrio e da justiça: é veloz, mas não passa da medida.

Sempre que estou concentrada, em alguma atividade que me realiza, completa e nutre, me imagino voando com Kairós. Eu poderia dizer que essa sensação de estar no aqui e agora define o que é  felicidade, total conexão com o universo interior e exterior.

Ao pensar nos meus 60+, volto para as décadas anteriores. Sem falar no primeiros anos da infância, quando o tempo era de Kairós, me dou conta que, quanto mais entrava na idade adulta, mais os anos eram devorados por Chronos. Ás vezes, quando o deus implacável e faminto descansava, o jovem com asas tinha vez. Porém,com o passar dos anos,  com as exigências da sociedade, me senti totalmente escrava de Chronos.

Recentemente senti a necessidade de repensar ao mistério davida e o mistério da morte. Quantos anos mais vou viver? Não sei, ninguém sabe. Então, por que não deixar Chronos interferir apenas no que é indispensável e fazer uma parceira com Kairós, pedindo emprestado suas asas e sua balança?  Qual é o tempo oportuno? Qual é o tempo de Deus, o que me faz voar em outra dimensão?

Cada um tem seu próprio conceito de qualidade de vida, de bem estar, de plenitude e todos os clichês sobre o envelhecimento, tão em alta nesse século. Quanto a mim, fazendo as contas, sei já vivi mais da metade do suposto tempo nessa vida, sei que alimentei muito Chronos, mesmo assim ele continua faminto, e que Kairós está à minha disposição, vou tentar emprestar as asas do segundo.

Dentro do pensamento filosófico/mitológico de que temos esse tempo oportuno, ou tempo de Deus, quero, no mínimo ser útil,  e mergulhar no que me interessa.

O envelhecimento em si, a plenitude, a finitude, a literatura do mundo inteiro, o que as pessoas andam fazendo de bom por aí, as tendências minimalistas e de reaproveitamento, mais o profundo interesse em ajudar o outro são, nesse momento, os veículos que me fazem voar.

26 junho 2018

E-CONTOS PASSAGEIROS - Sandra Schamas

E-Contos Passageiros de Sandra Schamas
por Ana Célia de Mendonça Goda Cunha

 Prefácio

Uma parada imperdível.

Vivemos em um mundo em mutação. Pessoas, as mais diversas e de todos os cantos, se conectam e desconectam a cada segundo. A sensação é de que o tempo agora passa mais rápido, de que ele nos escapa; talvez porque nunca antes tenhamos ficado tão plugados ao novo relógio: o celular. É nessa plataforma que o e-book da Sandra vem te encontrar.


Sandra Schamas escreveu os contos, as crônicas e as outras narrativas breves desta coletânea inspirada em personagens e situações reais, que ela conheceu enquanto se locomovia no transporte público de São Paulo nos últimos anos. “Observar as pessoas e ouvir suas histórias era meu descanso entre uma atividade e outra”, ela me disse. Como o flâneur da era impressionista é retratado pelo pincel agitado do pintor para revelar os novos contornos de seu tempo, Sandra veicula com habilitação uma surpreendente comitiva de personagens. Estes nos são entregues por narradores diferentes, apresentam sotaques de destinos vários, e estão vestidos com estilos que não seguem uma única moda. À moda de Sandra, enxergar o passageiro do lado com olhos novos é possível [ou a si mesmo]. Foi o que aconteceu aqui comigo.

Ana Célia de Mendonça Goda Cunha Editora, professora, escritora e revisora 0

25 junho 2018

SOLIDÃO BENFAZEJA por Sandra Schamas

Acabo de ver no jornal da manhã que nos Estados Unidos fizeram uma estatística com 20.000 americanos e criaram uma escala da solidão com pessoas de várias idades. Conforme a idade aumenta, o índice de solidão diminui.

Entre 18 e 22 anos 48,3 % sentem solidão:

Os mais jovens sentem a solidão da incompreensão, da dificuldade de estar com outros que pensem como ele e de achar que as pessoas não o conhecem como indivíduo, apesar do intenso uso das redes sociais

Com 72 anos ou mais 38,6% se sentem sós:

Os mais velhos se sentem mais próximos dos outros e sabem que têm pessoas com quem podem contar.

Os estudos dessa pesquisa relatam que a solidão e a saúde estão ligadas;

  • A solidão aumenta o estresse.
  • A atividade física e o sono diminuem a probabilidade de se sentir solidão.
  • Ter amigos, conviver com a família diminuem a sensação de se estar só.
  • Ocupar-se, sentir-se útil, ser o protagonista de sua vida diminuem a solidão.
  • Mas, o mais importante é buscar o equilíbrio.
Pessoalmente sinto que necessito estar só em certos momentos, preciso desse recolhimento, desse tempo comigo para recarregar minhas energias. Que sensação incrível é se jogar no sofá para ler um bom livro ou assistir uma série na TV, depois de um interminável almoço de família! Esse ninho acolhedor que é a família nos alimenta e nutre com vários sentimentos bons. Nutre tanto que precisamos um tempo para digerir.

Quando temos decisões a tomar, nos empenhamos em algum aprendizado que julgamos importante, quando nos divertimos com nossos pares e rimos de nossas dificuldades também precisamos de um tempo para nos recuperar. 

Felizmente nos 60 + temos tempo e maturidade para entender que, com calma e perseverança podemos usufruir dessa fase interessante da vida.

Equilíbrio é tudo de bom.

11 junho 2018

QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? por Sandra Schamas

Filha e neta de duas italianas poderosas e muito  vaidosas, cresci achando que perguntar a idade de alguém, além de falta de educação, era um sacrilégio. Assim que percebi que não ia conseguir resposta para essa pergunta direta, resolvi mudar de estratégia. Comecei a perguntar a idade de outras pessoas da família, começando por meu pai que, já instruído, mudava de assunto. Assim, só fui saber a idade de minha mãe quando precisei mexer nos documentos dela, antes de uma grave cirurgia que precedeu sua morte. Mesmo assim, me sentia desconfortável.

Será que o número é tão importante? Acho que hoje em dia, sim. As revistas de fofoca não se cansam de dizer a idade dos famosos. Fulana (65) e fulano de tal ( 49) embarcam para Paris. Fulaninha (28) diz que ainda é cedo para ser mãe, mas que um dia vai realizar esse sonho. Beltrano (75) corre a Maratona de NY.

Acredito que esse tabu vem de um preconceito ocidental para com as pessoas mais velhas, que a partir de determinada idade ficavam à parte, ou se colocavam numa posição de recolhimento achando que não havia mais nada para fazer , muitas vezes se tornando  um estorvo para as famílias. O preconceito de idade também tem  a ver com a sexualidade e o período de reprodução. A menopausa, para as mulheres, que pode ser bem incômoda, e o medo da impotência que assombra os homens. Havia também um conceito interessante a respeito da  idade certa para se casar: a mulher deveria ser mais jovem que o marido. Existe até uma tradição popular no Oriente Médio em que, segundo alguns, a idade ideal da esposa  deve ser a metade da idade do marido +7. Então, se ele tem 30, ela deve ter 15+7= 22. Se ele tem 60, ela deve ter 37. Interessante. Nada disso é válido hoje em dia e as diversidades estão aí para serem defendidas.

Voltando à questão do envelhecer, muitos problemas que se referem à saúde e a aparência, a ciência pode resolver. Tratamentos de fertilidade, hormônios, Viagra, inseminação in vitro,  barriga de aluguel, mãe que empresta o útero para gerar o embrião da filha, isso sem falar na criopreservação de óvulos sêmen e embriões.  Além do incentivo à cultura ao corpo, promovido pela mídia, é possível se obter resultados milagrosos no campo da cirurgia plástica, lipoescultura,  próteses, rejuvenescimento das mãos, na aparência do rosto, dos cabelos e  dentes. Técnicas super inovadoras tornam realidade o sonho da fonte da juventude.

Então, por que será que as pessoas ainda não gostam de falar de idade?

Ontem, depois de um fim de semana cheio com família e amigos, as dores, até então dissimuladas por tantos sentimentos bons, acabaram se manifestando. Pensei, então: é tão bom estar por aqui. Que pena que o corpo envelhece. Que pena que quando a mente está a todo vapor, o autoconhecimento em plena forma, a experiência em plenitude, a vontade de viver a mil, o corpo começa a dar sinais de desgaste. Que pena!

Justo agora que posso fazer tantas coisas por mim mesma e pelos outros, tanto no âmbito familiar quanto no social mais amplo, tentando deixar um mundo mais justo para as futuras gerações,  meu corpo me avisa que não tenho mais tanto tempo?

Nessa fase da minha vida isso  me preocupa. Tenho a certeza de saber que um dia não estarei mais aqui e a incerteza de não saber quando isso vai acontecer. Enquanto isso, vou fazendo o melhor que posso. Como? Descobrindo belezuras da natureza escondidas nesta selva de pedra que é a cidade, apreciando as coisas mais simples, curtindo os amigos, olhando nos olhos dos desconhecidos e prestando atenção no que eles falam. Brigo com as parafernálias tecnológicas, mas gosto de aprender. É claro que nem sempre sou uma Poliana fazendo o jogo do contente, tal seria. Sempre que posso, procuro sempre habitar naquele lugar do meu coração que me diz que estar viva já é um presente. No presente.

24 maio 2018

EU ME REINVENTO, TU TE REINVENTAS, ELE SE REINVENTA...por Sandra Schamas

Enquanto os mais jovens - ainda bem que nem todos - dormem nos assentos destinados aos idosos, gestantes e pessoas com deficiências físicas, os mais velhos - nem todos, mas a maioria - tenta ser gentil. Já vi senhores aparentemente de 80+, cederem seu lugar a uma senhora, talvez 70+. Já vi muitos se ajudando a subir e descer, principalmente daqueles ônibus mais antigos cujos degraus são uma verdadeira escalada. Cumprimentam-se, sorriem, fazem algum comentário banal. Há comunicação, notam a presença do outro, preocupam-se com aquele ser humano que está ali na mesma situação. Reclamam também, mas faz parte. Gosto mais de observar, mas quando instigada a interagir o faço de bom grado.

Ontem, em um percurso rápido, logo me sentei do lado do corredor, para minha comodidade, confesso. Uma senhora veio se sentar ao meu lado avisando que iria descer logo. Eu também. Me afastei para perto da janela e ela agradeceu se sentou; descobrimos que desceríamos no mesmo ponto. Assim a prosa começou.

Nilda, bonita e bem disposta, me conta que quer chegar logo em casa para cozinhar. Eu digo qualquer coisa a respeito de pensar o que fazer e ela prontamente responde que tem tudo programado na cabeça. Ok.

Conversa vai, conversa vem, acabou me contando sua vida. Após trabalhar 28 anos como secretária pessoal  aposentou-se, mas seu chefe não se acostumou sem ela. Continua trabalhando das 09h00 às 17h00, numa boa, pois está mais do que acostumada com a rotina. Porém, querendo aumentar sua renda, resolveu fazer refeições fitness criando um sistema que permite atender seus clientes de um dia para o outro usando whatsup. Congela os ingredientes, pois precisa de quantidade, e sabe exatamente preparar refeições por peso, em proteínas, carbo-hidratos, fibras, etc, conforme o pedido. Gostei da Nilda. Descemos juntas e pedi seu cartão. Não tinha, mas rapidamente me adicionou aos seus contatos e meia hora depois eu recebia seu menu prático, bem explicado e com valores.

Fiquei contente e surpresa ao ver tamanha eficiência e simplicidade. Sem dúvida, vou experimentar um kit fitness, com legumes, arroz integral, proteína, e tudo que eu preciso para  uma refeição balanceada e ainda ganhar de brinde 3 potes de feijão preto ou fradinho. Detalhe: ela entrega em casa.

Fico pensando que enquanto alguns fazem de tudo para complicar a vida, para dificultar qualquer movimento de mudança, outros se arriscam, tentam e se reinventam naturalmente.

Achei que valia a pena contar.

22 maio 2018

A NOVA FACE DA VELHA SOLIDÃO por Sandra Schamas

Já estou nas alturas. Sem preocupações nem cobranças, apenas aproveito o tempo em minha companhia. Tiro um cochilo e acordo com o rosto no vidro. Vejo pela janela o solo quadriculado, lembrando uma colcha de retalhos de veludo cotelê, com todos os tons de verde, marrom e ocre. Plantações.
A cidade na linha do horizonte como se fosse uma maquete morta, velha e empoeirada, arreganha arranha-céus  sem vida, sem cor.  

Divago na descrição do cenário para tentar me entender. Cochilo novamente.

Agora vejo as montanhas, a neve branca  nos cumes, como bolos de chocolate amargo polvilhados com açúcar de confeiteiro. Nas montanhas, vejo uma face. É a nova face da velha solidão. Conheço o medo de estar só, já senti o vácuo de estar entre pessoas que se tornaram estranhas, sinto o vazio dos que se foram  e a solidão das  decisões. 

Sobrevoando as montanhas do Colorado procuro gravar o momento, esta nova face que me assusta e atrai. É bela, é a solidão bem vinda que confirma que sou só, porém faço parte deste grande todo, onde os detalhes desaparecem  nas nuvens. 

Quanto tempo eu perdi. Agora simplesmente sou.

Neste momento, a paisagem é lunar. As nuvens de carneirinho se confundem com as montanhas cobertas de neve. Não me lembro de ter visto nada parecido. Flocos de algodão doce e açúcar de confeiteiro.

Sou meu pai e minha mãe, meu irmão e minha irmã, meu marido e minha esposa.
Eu sou. 

Da janela, vejo apenas fumaça e luz. Paz  é o deleite de estar só. Sinto cada parte do meu corpo:  mãos ressecadas, cabelo despenteado, narinas dilatadas pelo ar pressurizado, mão e braço adormecidos, pernas inchadas e o coração batendo. 

Sinto-me só, deliciosamente só.