07 junho 2008

4 crônicas de 1500 toques

Calçadas Destroçadas

Gosto de falar sobre as calçadas da cidade porque sou pedestre por opção.
Ando bastante, gosto de andar; sinto-me livre, parte da cidade, olhando as pessoas, sentindo o vento e a chuva, apreciando os dias de sol.

Essa é uma versão muito romântica para quem anda em São Paulo, porque a realidade não é bem assim. Nem sempre posso caminhar sem olhar para chão, pois corro o risco me acidentar. Uma simples torção de calcanhar pode me prender em casa por um tempo e isso é tudo o que eu não quero.

Outro problema é a inclinação das calçadas, que não facilita o caminhar. Os cidadãos, mais preocupados resguardar seus veículos, reformam o passeio em frente às suas casas, rebaixam a guia, fazem degraus absurdos e você que se vire. Quem mandou andar a pé? Até esticam seus portões de ferro adiante do muro, fazendo uma espécie de barriga que vai quase até o meio-fio e obriga andarilhos a caminhar no meio da rua.

Porém, as coisas começam a melhorar, ainda há esperança: finalmente alguém percebeu que é importante para a cidade ter calçadas onde se possa caminhar. As calçadas da Avenida Paulista, por exemplo, estão sendo refeitas; finalmente alguém percebeu que a pedra portuguesa, ao contrário do que se pensava, não é de fácil reposição. O novo passeio é de cimento liso, bem bonito e deixou a rua bem mais bonita. Vamos esperar para ver as novas calçadas da avenida e torcer para que muitas outras sejam refeitas. Só então poderemos caminhar felizes, de cabeça erguida.

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