23 agosto 2008

Primeiro Beijo

Um finíssimo fio de saliva separava nossas bocas. A dele queria mais e estava cheia de um desejo quase infantil; a minha rejeitava o que achava que deveria ter desejado. E aquele fio de saliva foi cortado com as costas da minha mão, em um gesto involuntário.
O primeiro beijo foi assim.

Os outros primeiros beijos foram acontecendo com o primeiro namoro, que evoluiu para noivado e acabou em casamento. Quando o amor acabou, tudo acabou.

Houve um luto, mas ainda havia tempo para recomeçar. E então, premeditadamente, aconteceu o primeiro beijo que me fez perder o sono. Passei a noite repetindo mentalmente cada detalhe, casa sensação, passando a ponta dos dedos na boca, fechando os olhos e sorrindo.

Como quem deseja e quer, olhei para ele pela primeira vez. Um homem bonito, olhos cinza, de raposa matreira, manifestavam a arrogância característica dos intelectuais. Trocamos olhares e, no encontro seguinte, os telefones. Sempre nos encontrávamos em um grupo de amigos, conversávamos até tarde, e eu sem saber se deveria começar. Passou um tempo, marcamos um encontro, desta vez só nós dois. Depois do cinema, estava friozinho, fomos a um bar descolado e aconchegante. Na volta, no carro, tomei coragem e o beijei.

Foram beijos no carro, no barco, no mar, no sofá, na rua, no armário, no chuveiro, na chuva. Hoje são memórias de amor.

Um comentário:

Petê Rissatti disse...

Esse é um dos meus textos sobre o primeiro beijo preferidos.

Como estão as coisas, Sandra? Passe lá no meu bloguinho, pra dar uma olhada.

Beijão