28 março 2009

Fulis

Ele é um ser do bem, mas não um ser do bem careta, tradicional como anjos celestiais e fadas-madrinhas. Ele tem seu próprio jeito de ser, de fazer as pessoas felizes, nem que seja por alguns instantes.

Sua aparência é acolhedora e só de olhar para ele já dá vontade de falar um monte de palavras inventadas como: cuticuti, tibubuca, pitututuchi e outras, que surgem na hora que a gente se depara com ele.

Os machos têm um tom acinzentado e suas antenas são maiores. Como a maioria dos machos do reino animal, ele tem que sair em busca de alimentos para seus filhotes. As antenas são uma espécie de radar, sempre em movimento , captando cheiros e sons. A fêmea é praticamente cor de rosa, seu corpo é mais robusto e suas antenas são menores. Seus olhos são maiores, mas tanto os machos quanto as fêmeas conseguem enxergar no escuro. Elas dominam o território chocam os ovos e cuidam dos filhotes. Os fulis se alimentam de flores pequenas, farelos de tudo o que é delicioso, pedacinhos mínimos de frutas, folhas adocicadas e só bebem água fresca e limpa.

Fulis vivem em esconderijos, pois tem medo de cachorros e gatos. Às vezes se aproximam dos humanos, mas gostam mesmo é de crianças e jovens.

21 março 2009

Esbugalheichion

É um ser pequeno, fofo, gordinho, a pele clara, cor de rosa. Ele é feito de amor, puro amor e se alimenta de carinho de criança. Costuma aparecer `a noite, antes das pessoas irem se deitar. Fica escondido atrás da porta, cobrindo o riso com a mãozinha gorda, esperando a hora de ouvir seu nome. Quando alguém finalmente diz "Esbugalhaichion" ele aparece correndo na pontinha dos pés e pula em cima daquele que estiver rindo mais alto. Cobre a pessoa de cheiros e beijos, faz cócegas, esperneia e diz "eu te amo"olhando bem nos olhos de quem ele escolheu.

As crianças adoram o Esbugalheichion porque se identificam com ele no amor sincero e incondicional. O único problema é que depois que ele vai embora, ninguém consegue dormir de tanta felicidade.

13 março 2009

Assunto de quinta, na sexta...

Aquecimento global é assunto de quinta, morrer de calor nessa gigantesca placa de cimento que é a grande São Paulo, também.

Na rua, dentro do metrô, no ônibus, no parque, você derrete. Em casa, não dá. Você olha pela janela e as árvores nem se mexem, parecem cenário, não tem uma brisa de misericórdia. E para dormir, como é que a gente faz? Dizem que o corpo com temperatura acima de 27 graus não descansa. Concordo. Eu não descanso, ninguém descansa.

Detesto calor! Só se for na praia, na piscina, no ar condicionado e...em muito boa companhia.

bedjo

san

06 março 2009

Feiticeira

Ela era bruxa, sim, feiticeira disfarçada!

Adorava olhar a lua cheia de madrugada, quando perdia o sono de tanto pensar.
Ficava enfeitiçada pelo luar que a cobria com fios de prata e a tornava uma verdadeira mulher que, na sua plenitude, podia voar leve e solta para qualquer lugar.

De manhã o sol, ao nascer, a cobria com fios de outro que lhe davam poderes de guerreira para lutar nesse mundo onde não se acredita em bruxas.

A chuva lavava sua aura, escorria pelos seus cabelos, pelo seu rosto e corpo, tirando as preocupações e os medos. Com os pés molhados, ela chutava as poças d'água, chutava os preconceitos. O cheiro da terra molhada, o perfume dos deuses da floresta, perfumava seu corpo.

Ela sabia fazer chás para todos os males, preparava poções do amor e banhos de beleza. Acendia velas, dizia rezas antigas com palavras que ninguém podia entender. Acreditava em santos e anjos, mas, poder, só o de Deus, que também é mulher, que não acusa nem castiga, mas move todo o universo em harmonia e mora dentro de cada ser.

Ela era daquelas bruxas que adivinhavam o pensamento dos outros, tinha sonhos e visões, falava com gnomos e duendes e brincava com as fadinhas das flores, que usam vestidinhos transparentes das cores das flores que elas cuidam.

Às vezes, quando estava com muita raiva, ficava velha, descabelada, com um olhar que dava medo e quebrava tudo, chamando raios e trovões, trincando vidraças. No entanto, cantava, dançava e mudava a cor dos olhos quando estava feliz.

Era teimosa, impaciente, impulsiva, punha os pés pelas mãos tentando encontrar quem a compreendesse. Nesse mundo, ninguém entende as feiticeiras, por isso elas vivem solitárias em florestas encantadas.

Quem sou eu?

Sandra, brasileira, paulista de coração.
Tenho quase certeza que sou um ser imaginário criado por mim mesma.
E esse ser imaginário diz que escreve, faz poesia, viaja na maionese.