24 abril 2010

Sobre a corrupção

A corrupção é uma questão cultural, intrínseca à nossa humanidade. É tão corrupto o banqueiro que dá milhões em propina para silenciar denúncias ou conseguir favores quanto o sujeito que, para vender guloseimas no ônibus usando um discurso de miséria, suborna o motorista com chocolates. O tal sujeito pode estar vestido de palhaço, mas de bobo não tem nada. Ou tem? Não seria ele o fruto de uma sociedade conivente, cujos valores são condescendentes com as “pequenas” irregularidades?

Corromper é tornar algo apodrecido ou estragado; é perverter moral ou fisicamente, é fazer diferente do que era originalmente; é subornar outra pessoa em função de interesse próprio ou de outrem. Portanto, não existe meia corrupção. Se o palhaço acredita que corromper com um chocolate não tem problema, afinal é só um chocolatinho, o banqueiro é o macro corrupto, um reflexo midiático e sensacionalista do que acontece em todas as camadas sociais. A diferença está no valor da propina.

O experrto que compra canetinha apagável para reutilizar o cartâo de zona azul, o feirante que adultera a balança, a madame que desfila a bolsa de 5 dígitos e volta depois para trocar por outra cor, a criança que suborna o irmão para silenciá-lo.


A corrupção faz parte da gente e está mais ou menos evidente dependendo da cultura, da formação e da religião. E por falar nisso, como fica, então, o pecado recorrente perdoado toda semana com três pai-nossos e seis ave-marias?

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