10 junho 2011

Coisas da cidade...

Quatro da tarde, o céu está estranho e eu começo a trabalhar no computador. A concentração foi para o espaço, mesmo assim tento responder emails, para começar. Ouço um estrondo, a energia cai e, enquanto eu me acostumo com a tela preta à minha frente, volta e cai novamente.Tiro todos os fios das tomadas e logo sinto um cheiro de queimado, alguém me diz que é a pizzaria acendendo o forno à lenha. É nada, a coisa foi bem pior e todo mundo sai para a rua para ver. Chamam os bombeiros, interditam a rua e o fio lá, pendurado, soltando faíscas. Vamos embora, então? Não adianta ficar aqui, não vai dar para fazer nada.


Chove muito, esqueci o guarda-chuva, mas o casaco é impermeável, deve dar.

Não deu. No meio do caminho a chuva engrossa e escorre no rosto, entra nos olhos. Droga. As pessoas se apertam debaixo da cobertura do ponto da Santo Amaro. Tenho aula e se eu faltar de novo perco a vaga, o certificado, perco. Me sinto super culpada, mas vou tentar. Entro no veículo lotado, abafado, com cheiro de cachorro molhado. Consigo um lugar de idoso e fico só olhando o relógio.

Quase na Brigadeiro Luiz Antonio o ônibus dá um solavanco, bate num carro e a gorda que estava dormindo ao meu lado quase quebra o pescoço. E agora? Desço, espero, falo com os outros? O motorista, que havia descido para ver a besteira que fez, entra no ônibus com o dono do carro batido e pede para alguém ligar para a empresa e contar o que aconteceu. Eu não vi, não vi mesmo, porque estava do outro lado. Começa a discussão e eu resolvo descer. Veio camelô vender anel, cordão e perfume barato...

Caminho mais algumas quadras e vejo Noé, o timoneirro da Arca, com uma capa de chuva amarela que ganhou de um pescador da Naruega. Peço uma carona peloamordedeus. Ele abre a porta da Arca, lotadaça, e vai  subindo a Brigadeiro devagar, num balanço. Uma senhorinha que vai descer me dá seu lugar, eu escalo os degraus estreitinhos, me empoleiro no banco e vou logo abrindo a janela, já estou ensopada mesmo, que entre a chuva e renove o ar. Um rapaz simpático conversa educadamente comigo e eu disfarço para sair da mira de seu hálito ruim.

Na hora de descer preciso fazer uma " pole dance" acrobática e acabo caindo em cima das pessoas que reclamam.  Ponho os pés em terra firme e ando mais uma quadra na chuva. Finalmente chego e o porteiro, assustado com minha aparência, me pergunta o que aconteceu.

São 8:30 da noite, ainda penso em ir à aula. Entre a culpa e a razão, fico com a segunda. Não posso me dar ao luxo de ter uma penumonia nessas alturas do compeonato. Semana que vem, se não chover eu vou.

3 comentários:

Carol Gregori | São Caetano disse...

Sandra,
Que fim de dia heim? Só com bom humor e tomando uma para enfrentar esses desafios...
Adoramos! Talvez porque não tenha sido conosco.
Um beijo,
Lais e Pri

Blog da Bruna disse...

e eu estava dolado de lá da "comunicação"...
não sei sepor isso,mas seu seu texto é um dos meus preferidos...
Se com minha inaptidão à computação conseguir, vou imprimí-lo.
Eu ainda guardo commais prazer os pedaços depapelpara ler...

Samia disse...

Achei fantástica sua crônica.