04 junho 2012

Ônibus politicamente incorreto

Hoje eu não vou abrir minha boca. Se alguma velha me perguntar se eu subo a Brigadeiro Luiz Antonio vou ficar mudo. Se algum aleijado me agradecer por parar fora do ponto vou ignorar e se algum cego pedir para vender bala não vou deixar. Vai ser assim.

Nossa, quanta mulher feia no ponto! Olha aquela japa ali! Tem perna torta e parece que levou uma panelada na cara. E a gorda? Peitão está bom! E a neguinha de chapinha, coitada. Dois viados de cabelo pintado... mereciam uma surra. Hoje está difícil. Dez horas dentro desse ônibus. Que cheiro de sovaqueira... pelamordedeus!

Quase...nossa, foi por pouco. Que louca! Só podia ser mulher, mesmo. Meteu o carrão na minha frente numa boa, falando no celular. Relógio, bolsa, óculos, tudo do camelô da 25 de Março. Conheço o tipo.
- Vai lavar roupa dona Maria! Lugar de mulher é no tanque! - dá vontade de meter o carro em cima. Rico é tudo igual, estão se lixando para os outros. O carro dela é caro, mas o meu é grande... já se viu.

Só entra estrupício. Feia, feia, gorda, baranga, cara de empregada, cara de vagabunda. Não vou mais nem olhar para o lado, só pra frente. Estou no horário, nenhum congestionamento ainda, estou na minha.
- E aí, negão! Beleza? Estou nessa linha agora. É. Vamo indo, né? Vai com deus... - Com o colega eu falo, só não falo com esse povo. Bando de pobre feio, fedido.

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