15 outubro 2012

Fedentina

Sapato Ferragamo, terno Armani, gravata Hermès, pasta Louis Vuitton. O cafageste bem vestido entra no restaurante e se posiciona numa mesa discreta. Pede a carta de vinhos, água mineral gelada, sem gás. Pouco depois entra o outro: Rolex no pulso, Iphone na orelha, camisa Polo laranja, vai direto à mesa discreta. Tapinhas nas costas, como velhacos amigos, sorrisos amarelentos.


Fingem conversar, aprovam o vinho, brindam. O de camisa laranja pega a pasta Louis Vitton, vai ao banheiro entra no cubículo e tranca a porta. Não percebe que alguém entra no cubículo ao lado. Abaixa as calças e enche a cueca com o propinoproduto que estava na pasta. Sai confiante e vai comer patê de fois gras. Sobremesa-cafezinho, sai um de cada vez. O de terno espera seu carro blindado no valet, está atrasado para a próxima reunião no gabinete. O laranja entra num taxi, que já o esperava, segue para o aeroporto pegar o próximo voo para Brasília. O terceiro, o que entrou no banheiro junto com o laranja, confere no celular as fotos que acabou de tirar  e as envia para os “mestres da manipulação de marionetes”.

O de terno é eleito, o laranja consegue um cargo excelente e o fotógrafo continua prestando serviços sórdidos a preços módicos. O que vamos pedir hoje? Meia calabresa meia mozarela?

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