14 novembro 2012

Meia-noite no metrô

Vinte minutos antes da meia-noite, caminho sob o minhocão e entro na estação Marechal Deodoro. Não acho o bilhete único. Com medo, abro a carteira, tenho sete reais e cinquenta - o dinheiro do taxi para ida e volta foi todo na ida - reviro a bolsa, o maldito estava enfiado na divisória. Desço na Sé, tudo vazio, só seguranças de preto, formigas no buraco de açúcar. Espero o trem. Não vem. Estou do lado errado. Subo escada, desço, uma pessoa aqui, outra ali. Sé - Paraíso, pouca gente acordada. Paraíso - Brigadeiro: ninguém. Nem uma alma penada, nem na plataforma , nem no carro. Que medo. Ponteiros quase juntos, a luz fluorescente me incomoda, subo a escada e a chuva fina entra nos ossos. Um taxi parado. Está livre? Pode me levar até a Brigadeiro por sete reais e cinquenta? Dois Real não vai me deixar mais pobre. Sobe aí. Agradeci ao descer, ele em me deu boa-noite.Foda-se, cheguei.

02 novembro 2012

Textos inspirados em outros textos – 7 – Marcelino Freire


Naquela bela manhã de setembro a brisa fresca soprava leve, suave como uma pétala de rosa em botão. O astro-rei, ainda fraco e vacilante, iluminava os edifícios majestosos e imponentes que se erguiam perfilados soberanamente nas ruas da grande metrópole. Ela, em seu vestido estampado e esvoaçante, caminhava calmamente pela Av. São João absorvendo a beleza da manhã primaveril. Eram tantos sentimentos confusos, tantas emoções intensas que suas inúmeras lembranças passavam por sua mente como um filme em tecnicolor, fazendo com que seu coração, impregnado de sensibilidade, se enchesse de alegria e paz. Pensava que agora que se tornara uma mulher de verdade, talvez, quem sabe, pudesse ser completamente feliz, como sempre sonhara nos dias felizes de sua infância inocente, pura, sem malícia. Delicadamente passou as mãos nos cabelos cacheados e revoltos, abriu os braços, olhou para o céu de um azul sem fim e agradeceu por aquele momento tão especial, único, mágico. Sentiu-se como jamais se sentira antes, pois, todo o seu ser estava surpreendentemente realizado, pleno e cheio de luz!

* uma provocação - tudo que, segundo Marcelino, não se deve fazer.