08 agosto 2013

Facebook

Você atualizou sua foto de perfil e eu fui avisada. Não queria. Mas vi você tão de perto, com tantos detalhes, que as lágrimas ficaram enchendo a parte de traz do meu globo ocular enquanto eu sentia um lento soco no estômago. Seus olhos cor de. Cor de quê? Sei lá. Sei que estavam olhando para mim e eu até ajeitei o cabelo, passei os dedos na sobrancelha e cliquei no canto da tela para sair da sua mira. O soco foi igual àquele que eu levei quando te vi pela primeira vez e perdi o rumo, tropecei e ri feito boba.

Por que você atualizou a sua foto de perfil? Para mostrar que está bem? Eu também estou. O que me aborrece é uma coisa que não tem nome, um desejo de te ligar e dizer venha aqui agora, eu quero, eu preciso ou vá para o inferno, me deixa em paz. Ver você assim tão de perto me fez beijar a tela fria bem em cima da sua boca, passar a mão no seu cabelo e me sentir ridícula.

Um enternecimento frouxo, um luto brando, um buraco. Vou ligar o skype.

01 agosto 2013

Enroladas

Todas elas têm cabelos lisos às custas de progressivas ( ou não), preferem reflexos, luzes californianas, americanas, seja lá qual for o nome, e todas ficam se olhando no reflexo da janela do ônibus ou do metrô; as que têm carro, no espelhinho retrovisor. Os movimentos são os mesmos: puxar o cabelo por cima do ombro, enrolar, enrolar, enrolar, escovar as pontas com a mão, em movimentos rápidos. Verificar se estão duplas, eliminar os fios que se desprendem, cheirar, jogar o cabelo para trás. Dois minutos depois, iniciam o processo. Parece que não percebem.

Na aula, na reunião de trabalho, na conversa informal, elas enrolam, enrolam, enrolam as madeixas, dessa vez na altura da nuca, aí fazem uma espécie de coque e prendem com alguma coisa que pode ser um lápis, uma piranha, uma elástico frouxo, não importa. O que importa é que seja algo que não prenda o cabelo, que vá escorregando para que ela possa terminar de tirar e começar o processo de enrolar de novo. Se você estiver atrás de uma delas corre o risco de levar uma cabelada no rosto ou, no mínimo, conseguir alguns fios de cabelo grudados na sua roupa impecável.

Na balada, na paquera, na fila do cinema, o processo mais comum é jogar a juba de um lado para o outro, geralmente usando a mão e o antebraço,  mantendo a postura totalmente inclinada para favorecer o balanço dos fios.

Eu sempre soube que era falta de educação pentear o cabelo em lugares públicos, mas os costumes mudam e mexer no cabelo compulsivamente parece que é a tendência. Vou tentar me acostumar