11 abril 2014

Chaveco

Seis da tarde, pego o ônibus na Paulista para ir à aula. Sento logo no primeiro banco. Atrás de mim um senhor bigodudo e todo conversador. Próximo ponto. Entra uma senhora magrinha, de jeans e blusinha rosa, carteira debaixo do braço, muitas pulseiras e aneis. Maquiagem carregada, cabelo loiro preso com fivelas coloridas. Pela mão percebo que era homem, quando pede licença para sentar ao lado do senhor falante,  a voz confirma minha suspeita.

Os dois começam a conversar e falam alto: ele todo cavalheiro, ela fazendo charme, diz que adora homem de bigode, me cutuca no ombro e pergunta se eu também gosto... Respondo, rindo,  que sim. A essa altura o motorista resolve interferir e diz que homem tem que ser macho. O cobrador dá risada.

O senhor pergunta se ela sempre toma o ônibus naquele horário, diz que é aposentado como motorista, mas trabalha por ali. Ela diz que sim, e o chaveco continua... Maior clima. Quando o assunto está ficando quente ele tem que descer. Despedem-se, ele joga um beijo, ela suspira...

10 abril 2014

Esse mini conto é um lixo!

Maço de cigarros, pela metade, todo retorcido. Embalagem de pizza grande, dois pratos, dois copos, descartáveis, vários pepeis de bom-bom sonho de valsa, uma garrafa de vinho tinto. Filtro de café, casca de banana, copinho de iogurte.

Caixa de teste de gravidez, muitos lenços de papel, fotos e bilhetes picados, latinhas de cerveja, um diário com as folhas arrancadas, uma camiseta velha, um par de havaianas número 44.