- How are you? – disse Zé todo orgulhoso.
- Tudo bem, obrigado – respondeu o homem quase sem sotaque.
Era gringo mesmo, da Pensilvânia, antropólogo. Apesar do
sorriso amigável, estava com os olhos cheios de lágrimas e foi logo dizendo, na
lata, que estava muito triste . Zé, solidário ,
perguntou por que e ouviu atento a
história, se esquecendo um pouco dos outros fregueses.
O antropólogo havia morado na Bahia anteriormente ,
casou-se com uma baiana
e depois que
seu filho
nasceu voltou com a família
aos Estados Unidos. Custaram a se ambientar,
começaram as brigas, a separação
aconteceu, o tempo passou. Mais tarde ,
resolveu morar num veleiro, coisa de gringo, e se aventurar. Adorava saber que
poderia navegar para onde quisesse em sua casa flutuante e começou pelo Golfo
do México, depois pelas águas do Caribe. A viagem dos sonhos durou 45 dias desde a Flórida
até Paraty.
Deu tudo certo, ele foi ficando por lá. Estava feliz,
no paraíso. O melhor, dizia ele, era acordar a cada dia com um cenário
diferente, proporcionado pelo movimento da maresia. Às vezes, abria os olhos e
via as montanhas, outras, o contorno da cidade histórica e assim passavam os
dias de sossego. À noite, tocava blues num barzinho e depois dormia olhando a
lua. Quer vida melhor? Just perfect.
Por
aqueles dias , uma tempestade
tropical e a fatalidade: um raio atingiu o mastro
de metal no meio da noite, destruiu o barco. T udo
estava perdido. Presente , passado,
futuro, sua casa e seus pertences desapareceram depois de um trovão ! Ele
perdera tudo o que tinha nessa vida, estava apenas
com a roupa
do corpo, sandália havaiana e um celular pré-pago. Sem casa, sem esperança, sem
saber para onde ir. Em Sampa, na casa de velhos amigos, tentava se recuperar .
Zé, ficou chateado, se emocionou, até. Colocou a mão
no ombro do novo amigo e depois
saiu. Voltou com
mais uma cerveja, uma porção de pão de
queijo e disse: Fique aqui o tempo que quiser. Hoje é tudo por conta
da casa !
2 comentários:
Sandra estou começando a querer conhecer esse seu Zé...bjs
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