SOPRO- Concha Celestino - Livrus - 2015
Com lançamento de sua primeira novela de ficção,
Concha Celestino teve movimentada tarde de autógrafos
No dia 3 de outubro de 2015, Livraria Martins Fontes da Paulista, na seção de artes, uma fila de leitores aguarda ter seu livro autografado por essa paulistana que faz seu primeiro vôo solo e não passa despercebida. Integrante do coletivo literário Martelinho de Ouro, que por sua vez nasceu no b_arco, em uma das oficinas de Marcelino Freire, Concha participou de Achados e Perdidos, Serendpt e dos dois fanzines do grupo lançados na Balada Literária de 2014 e 2015.
No dia 3 de outubro de 2015, Livraria Martins Fontes da Paulista, na seção de artes, uma fila de leitores aguarda ter seu livro autografado por essa paulistana que faz seu primeiro vôo solo e não passa despercebida. Integrante do coletivo literário Martelinho de Ouro, que por sua vez nasceu no b_arco, em uma das oficinas de Marcelino Freire, Concha participou de Achados e Perdidos, Serendpt e dos dois fanzines do grupo lançados na Balada Literária de 2014 e 2015.
Concha Celestino graduou-se em Letras na USP e
trabalhou como professora de Português e Inglês. Mas foi só em 2007 que começou
a frequentar o Escrevivendo, na Casa das Rosas, e arriscou-se a compartilhar
seus belos textos. Impossibilitada de dar aulas por problemas de saúde, optou
por colocar no papel sua sensibilidade e talento, na ocasião, ainda tímidos. Um
dia, motivada por uma foto de Otto Stupacoff, escreveu um conto sobre Ian, um
garoto que fica de castigo na escola por desenhar na parede com giz. Esse
menino ganha pai, o pintor Marco, e mãe, a delicada Flora, e a narrativa vai
tomando corpo. Segundo Concha, o envelhecer, os lapsos da mente, são aspectos da
vida que a intrigam, pois trazem sentimentos ambíguos. Pensando nisso, surge a
mãe de Flora, a velha Valentina que vive em uma clínica de repouso, e a avó de
Flora, Ana Filotéia, que aparece em sonho para as duas. Nesse universo feminino
entra Daluz, a cuidadora e cria da casa, e a “malvada” Tonha, a irmã de
Valentina, alvo de suas implicâncias e ciúmes.
A obra é apresentada por um narrador, que logo se
perde, dando voz à Flora cuja narrativa é mesclada com a da mãe. Marco, sempre
no atelier, também narra seus conflitos e “nebulosidades”, como diz a autora.
A linguagem é fluida, e essa sobreposição de
narradores pode confundir o leitor, mas não chega a atrapalhar o fluxo do
texto, onde a natureza vai permeando os pensamentos dos personagens e trazendo certa
poesia, que, de certa forma parece os confortar em meio a tanta dor. Com sensibilidade e domínio total do texto, a
autora nos surpreende com frases como “Ontem mesmo,
quebraram meu sono a marretadas, uns baques surdos estremeciam chão, paredes,
cama, armários.”.
Traz sinestesia quando
diz
“...sentir o cheiro das frutas amadurecendo
nas árvores”, ou “... dois troncos vigorosos subiam lado a lado, quase iguais,
e só no alto abriam-se em galhos, espalhando sua renda móvel sobre o fundo
azul.”.
Muita vezes tragicômico,
o mau humor da velha aparece. Por um lado, ela já está cansada de viver e, por
outro, viaja no tempo em que era criança e brinca livre no Venhaver, sítio à
beira-mar onde nasceu e para onde quer voltar. As imagens lembram quadros de
Sorolla quando se lê frases como “Vi logo que era vó Filó pelo andar
inconfundível, seu modo de plantar os pés na areia e de mover o corpo com
suavidade, como se planasse. A espuma lambia-lhe os pés, sua saia e os cabelos
revoavam, saturados de luz”... Ou quando a autora descreve que “ ela já flutuava acima da água, a saia
ondulante inflada como um balão...
Publicado pela
Livrus Editorial em 48 capítulos breves, porém densos, tem capa e projeto
gráfico idealizados pela autora que, segundo a publisher da Livrus, Cris Donizete, cuidou pessoalmente de cada
detalhe. “Veio com projeto bem constituído na cabeça, fez um belo trabalho de
pesquisa. Ao mesmo tempo exigente e fácil de lidar, Concha acompanhou tudo
passo a passo”, explica Cris.
Especialista em e-books, Ednei Procópio, o editor conta
que a versão de SOPRO em e-book está em todos os portais de vendas de livros
eletrônicos. Quanto ao lançamento, afirma que as vendas da versão impressa
foram além das expectativas. “Se tivéssemos feito mais livros, teríamos vendido.”.
3 comentários:
Sandra, não tinha ainda visto esta resenha em seu blog. Que honra e que alegria encontrá-la publicada! Super obrigada pela leitura cuidadosa e pelos comentários. Como sempre, vc é generosa em tudo. Abraço,
Concha
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